quinta-feira, 30 de abril de 2009

"O PULSO AINDA PULSA"

Para Cla,
Meu agradecimento por todo incentivo.
SIMPATIA


Afinidade moral, similitude no sentir e no pensar que aproxima duas ou mais pessoas.

Do latim sympathìa,ae “afinidade, relação, analogia”. Originário do grego sumpátheia,as “participação no sofrimento de outrem, compaixão, simpatia - comunhão de sentimentos ou de impressões”.

[Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa]

O movimento da vida é incessante. O ideal, inclusive, era que a própria palavra explicitasse essa noção a cada vez que fosse pronunciada. Dessa forma, seria mais difícil nos apegarmos à ilusão – e ao conforto – do mesmo. Todo dia a mesma vida. (Isso me faz lembrar uma tribo indígena – sei lá qual?! - que chamava ‘água parada’ de um nome e ‘água em movimento’ de outro. Dentro desse código, a água do rio tinha um nome, a represada dentro de uma bacia tinha outro. Sem ilusões!)
A dinâmica diária do dia e da noite é bastante ilustrativa. Tiremos os relógios da jogada. Olhemos para o céu: ao poucos a luz do sol vai adentrando a escuridão, expandindo-se cada vez mais e mais e, num dado momento, a luz prevalece. Nasce o dia. O mesmo se dá ao anoitecer. A escuridão vai engolindo a luz até que (...) é noite. Amplificando o processo, essa dinâmica ocorre durante as 24 horas do dia. Ao meio-dia inclusive, na máxima luz. A hora sem sombra é mais radiante que a anterior e mais luminosa que a posterior.
O dinamismo é uma condição de vida. Os fluxos não cessam um instante sequer. A todo momento, temos o incrível privilégio do espanto e o benefício da dúvida. Sim, os filhos crescem, os dentes caem, os cabelos também; as relações mudam, aviões chegam e partem, igualzinho ao dinheiro; os amigos se mudam pra longe no dia em que se ganha uma flor; a garganta dói, o cinto aperta, a novela termina. (Daqui a pouco o Maneco já nos dá mais uma Helena.) A babá foi embora e o projeto entregue; a viagem não deu, o casamento acabou; a música tocou, a Bethânia vai fazer um novo show. O marido foi pra São Paulo, a chefe acompanhou.
(...)
Enxergar, a todo instante, o movimento que não pára, inviabilizaria a vida prática. Esta vida não dispensa os relógios: a noite começa às 18h. E é nela que vivemos a maior parte do tempo, absolutamente plasmados na rotina. E é mesmo por estarmos plasmados ao dia de todo dia que gozamos os sobressaltos, as paixões, os encontros, os conflitos. Arrastados pelo fluxo, vamos fazendo - ora pela razão, ora pela emoção, por antipatia ou simpatia - escolhas que nos singularizam e nos impulsionam a seguir enfrente.


ABRIL/2009