terça-feira, 8 de setembro de 2009

Cada um é dois







Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.
Traduzir-se uma parte na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte – será arte?
Traduzir-se, Ferreira Gullar


Tem que revisar o texto e aprovar. Não, não mandei ainda. To esperando a resposta do Jurídico. Não, agora não. É melhor ficar quieta. Marcos, o que você tem, está tão calado? Oi, vó! Não estou dirigindo, não. Até amanhã, Clau! Boa noite, Marcelo! LUD 2749. Obrigada! A tarde de hoje foi tensa mais uma vez na Zona Sul. Nove pessoas foram mantidas reféns em um prédio em Copacabana. Quando a polícia chegou, a situação recrudesceu. Benditas coisas que eu não sei/Os lugares onde não fui/Os gostos que não provei. Quando estavamos indo para Búzios tocou essa música; a Carla adora. Aliás, Carla? Botafogo-Barra, 47 minutos, via Zuzu Angel. Será que a Aninha topa ir ao show? Alface, iogute, granola, biscoito, café. Débito. Oi, tudo! Como foi em Sampa? Encontrou com a Cla? Nossa, que dor-de-cabeça. Tem frango e arroz fresco. Muito trabalho, minha filha. Então somos duas. Elsève. Essa novela está acabando. Google. Uol. Tantas coisas para narrar e ao mesmo tempo tanto para silenciar. A estada em Tel Aviv foi como viver um período sem passado e sem futuro. Radical experiência de presente. Devorei suas palavras, fez muito bem em compartilhá-las comigo. De minha parte devo dizer que preciso aprender a permanecer, acostumar-me com a rotina, todo dia o todo dia. Sinto-me um movimento que não pára nunca. Nove pessoas foram mantidas em cativeiro. A ação da polícia, que durou cerca de 5 horas. Desligar. Yes. Está quase na hora de trocar essa lente. Água. Amanhã, tem ioga. 6h10! Tenho que sair no máximo 6h20. Silencioso. Esqueci de. Depois.

Enquanto dormimos aqui, estamos despertos em outro lado. Dessa forma cada homem é dois homens.

Cadeira amarela na mesa. Pipoca. Não quero ir para a casa do meu pai. Vai sim, vai ser legal. Minha mãe disse que ele vai passar às 15h. Não quero ir, não quero entrar. Mas eu quero a jujuba. Lá tem o pote colorido. Quanto quiser. Não quero ir, mas quero entrar por causa das jujubas. Na hora do intervalo mesmo. Não, não sou do partido. E nenhum dos meus colegas é. Aqui na engenharia o pessoal não que saber disso. Cláudia, você viu a Elis no Campus de Biologia? Não preciso. Ninguém depende de mim. Eu não sabia que tava grávida. De repente, nasceu uma criança prematura. Parecia uma boneca. Acho que era! E ficava no berço sem chorar, sem me pedir nada. Não mamava, não comia nada. Permanecia no berço, quieta, como se esperasse eu me tornar a mãe que ela precisa. E nesse silêncio, nessa cumplicidade, eu passei a gostar dela. A passagem é no dia 20. Paris. Na praia. Encontrei. As pessoas estão todas conectadas por fios brilhantes, azuis e vermelhos. Não sei qual é a diferença. Quente. O mundo está todo conectado, e a rede tem alguns pontos privilegiados, que piscam. Os fios são brilhantes; dentro deles passa uma enorme quantidade de energia, que as pessoas não sabem. As pessoas não imaginam que tudo está ligado. O fluxo das energias é maior que cada pessoa. Ainda mais de cima desse viaduto. Ali tem um emaranhado de fios, um nó. Acho que é uma concentração de energia. Lindo, lindo. Sublime. Ninguém viu isso ainda?


SETEMBRO/2009

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